segunda-feira, 18 de março de 2013

Apaixonados pela ignorância

Essa é uma daquelas noites em que sei que não vou dormir. Uma daquelas noites que me fazem tocar o infinito, quando o escuro cobre meus olhos e eu vejo tudo. O escuro realmente não tem fim. Nem começo. Eu me pergunto até onde ele alcança dentro de nós. Até que ponto ele pode passar despercebido e nos despertar a vontade de pensar em tudo que conseguimos rejeitar com tanta resistência. Não era para haver sentimentos, tão pouco paixão. Não era para haver nada além de dois corpos juntos e duas mentes inquietas vibrando na mesma frequência. Essa é uma daquelas noites mágicas, sentimos o frio arrepiar nossa nuca e encaramos isso como algum sinal divino. Divino, não de Deus. Talvez não seja divino, seja um sinal vindo de gnomos. Outra noite, numa dessas noites em que sei que o sono não irá me abalar, sonhei com o distante. Sonhei com gnomos, fadas e elfos. Imergi em uma encantadora cidade élfica e vaguei por lá. Tudo isso é tão puro que está longe do alcance dos humanos. Mas voltando ao sinal divino, no qual pensei não ser divino, acho que agora é o momento apropriado para constar que realmente não é divino, é nosso. É a nossa vibração, a nossa frequência. E isso é muito nosso, do nosso intimo mais profundo. Tão profundo que se esconde de nós mesmos. Intenso ao ponto de arrepiar os pelos, aguçar o tato e pedir em silêncio um abraço. E receber.Tão forte que me inquieta a mente, atiça meus sentidos já adormecidos e abala o coração. É como se uma energia nos atraísse, mesmo de longe.  Vez ou outra penso em recoar, mas já não há como. Já não há motivo. E aí minha mente geminiana entra em cena, deixando dúvidas, confusões e instabilidade. As pessoas não sabem a correria que é a mente de um geminiano. Não tente imaginar, perca de tempo. A verdade é que tenho medo. Tanto medo que acabo fugindo das palavras. Acabo fugindo de mim e me perdendo. E, quando isso ocorre, nada como uma daquelas noites em que sei que não vou dormir. Em noites assim, eu abro espaço para o barulho do silêncio vir até mim. Em noites como essa eu procuro te mandar um “dorme bem” por pensamento e costumo pedir para um anjinho vigiar-te, para que tenhas bons sonhos. Em noites assim, eu clamo por mim. Eu peço para eu não me deixar sozinha outra vez. Eu peço para eu não fugir dos sentimentos, apenas vivenciar e aprender. Eu converso comigo. Eu falo que a paixão é um lixo porque ferra com a nossa vida, nos cega e é uma das piores coisas que poderia acontecer com alguém. E ainda assim, nos salva. Nos socorre de um mundo sem valor. Nos traz e nos tira a vida. Ao mesmo tempo. E isso, de certa forma, me fascina. Me fascina o modo como isso acontece, poucos são os que percebem esse efeito. O veneno que todos pedem para beber. Menos eu. Eu recusei essa bebida corriqueira, essa droga barata. Eu renunciei as frases sem pensar e abandonei a ilusão. O nosso problema sempre foi nos apegarmos em causas fúteis e pequenas pelo mero fato de vivermos da total ignorância de pensar que vale a pena sem ter vontade de questionar. Um brinde aos idiotas apaixonados.  

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