sábado, 13 de abril de 2013

Eternidade em minutos


Aquele momento se prolongou e estendeu-se por uma eternidade. Foi eterno. Momentos eternos são como cristais, de uma pureza infinita e de uma ingenuidade única. São eternos em pensamentos, na mente. É como um portal para o passado, sentimos e vivemos eles sempre que lembrados. Senti e vivi aquele momento inúmeras e repetidas vezes. Eu senti o calor do seu corpo junto ao meu, senti seus braços envoltos de mim. Eu o senti. E senti tudo que aquele instante me proporcionou. Eu senti o fim e me emudeci por dentro. Silenciei minha boca porque já não sabia o que estava acontecendo. Eu vivi toda a nossa história, de todas as nossas vidas juntos talvez. Quem sabe seja esse o nosso diferencial. Cada momento foi eterno, de uma magia exclusiva. De uma pureza só nossa. Todos os nossos momentos se eternizaram e cada vez que, porventura ou não, venho a lembrá-los, sinto meu peito se estufar. Minha mente se cala e vivo só para aqueles momentos. Os nossos momentos. Nós somos únicos, nós somos nossos. Eu serei tua protetora em todas as nossas histórias, durante todas as nossas vidas. Eu te guardarei perto de mim para garantir que nenhum mal venha a te acontecer. Eu serei tua alma companheira, porque é assim que tem que ser. Viajo no momento vivenciado e sinto um terrível sopro gelado arrepiar minha nuca. Nunca pensei que sentiria o final tão de perto, nunca pensei que assistiria ele acontecer como me ocorreu. Não há certezas de nada por aqui, não tenho mais no que me agarrar se não em nós. Nós dois, juntos. Outra vez, talvez. 

segunda-feira, 18 de março de 2013

Não amor


Gritar. Gritar para o mundo que esta dor é só minha e pedir que a deixem comigo, que me deixem sozinha em meu canto. Eu não deveria querê-la comigo, eu deveria tentar afastar essa tristeza daqui, mas talvez ela seja tudo o que tenho. E então posso finalmente dizer que tenho algo que é só meu e de mais ninguém: a minha amargura. A minha mágoa. Mágoa por toda indiferença, por todas as confusões e abalos que fizeram minha mente passar, por todo desprezo, por todo não amor. Queria eu falar em paixões, mas me refiro a algo muito mais delicado: amor de pais. Amor esse que nunca recebi, que nunca percebi. Houve um tempo em que acreditei que era desnecessário, que eu não precisava de colo, de amparo. Não foi fácil enganar a mim mesma que as coisas funcionavam assim, com essa prática toda. Mas é ainda mais difícil e doloroso perceber a verdade. E, cada vez que mexo nessa verdade, é como se um buraco crescesse em mim. É como abrir a porta para o infinito dentro de mim mesma, é uma tortura sem fim. É a falta do amor, é o vazio que restou. Paixões e conquistas não me servem mais, não preenchem esse buraco. Então me deixem com minha tristeza mal resolvida, me ignorem por mais de uma vez. Aliás, façam isso sempre que puderem. Abandonem a filha que lhes daria a vida e a joguem aos quatro ventos. Quem sabe assim suas vidas sejam menos sofridas. 

Apaixonados pela ignorância

Essa é uma daquelas noites em que sei que não vou dormir. Uma daquelas noites que me fazem tocar o infinito, quando o escuro cobre meus olhos e eu vejo tudo. O escuro realmente não tem fim. Nem começo. Eu me pergunto até onde ele alcança dentro de nós. Até que ponto ele pode passar despercebido e nos despertar a vontade de pensar em tudo que conseguimos rejeitar com tanta resistência. Não era para haver sentimentos, tão pouco paixão. Não era para haver nada além de dois corpos juntos e duas mentes inquietas vibrando na mesma frequência. Essa é uma daquelas noites mágicas, sentimos o frio arrepiar nossa nuca e encaramos isso como algum sinal divino. Divino, não de Deus. Talvez não seja divino, seja um sinal vindo de gnomos. Outra noite, numa dessas noites em que sei que o sono não irá me abalar, sonhei com o distante. Sonhei com gnomos, fadas e elfos. Imergi em uma encantadora cidade élfica e vaguei por lá. Tudo isso é tão puro que está longe do alcance dos humanos. Mas voltando ao sinal divino, no qual pensei não ser divino, acho que agora é o momento apropriado para constar que realmente não é divino, é nosso. É a nossa vibração, a nossa frequência. E isso é muito nosso, do nosso intimo mais profundo. Tão profundo que se esconde de nós mesmos. Intenso ao ponto de arrepiar os pelos, aguçar o tato e pedir em silêncio um abraço. E receber.Tão forte que me inquieta a mente, atiça meus sentidos já adormecidos e abala o coração. É como se uma energia nos atraísse, mesmo de longe.  Vez ou outra penso em recoar, mas já não há como. Já não há motivo. E aí minha mente geminiana entra em cena, deixando dúvidas, confusões e instabilidade. As pessoas não sabem a correria que é a mente de um geminiano. Não tente imaginar, perca de tempo. A verdade é que tenho medo. Tanto medo que acabo fugindo das palavras. Acabo fugindo de mim e me perdendo. E, quando isso ocorre, nada como uma daquelas noites em que sei que não vou dormir. Em noites assim, eu abro espaço para o barulho do silêncio vir até mim. Em noites como essa eu procuro te mandar um “dorme bem” por pensamento e costumo pedir para um anjinho vigiar-te, para que tenhas bons sonhos. Em noites assim, eu clamo por mim. Eu peço para eu não me deixar sozinha outra vez. Eu peço para eu não fugir dos sentimentos, apenas vivenciar e aprender. Eu converso comigo. Eu falo que a paixão é um lixo porque ferra com a nossa vida, nos cega e é uma das piores coisas que poderia acontecer com alguém. E ainda assim, nos salva. Nos socorre de um mundo sem valor. Nos traz e nos tira a vida. Ao mesmo tempo. E isso, de certa forma, me fascina. Me fascina o modo como isso acontece, poucos são os que percebem esse efeito. O veneno que todos pedem para beber. Menos eu. Eu recusei essa bebida corriqueira, essa droga barata. Eu renunciei as frases sem pensar e abandonei a ilusão. O nosso problema sempre foi nos apegarmos em causas fúteis e pequenas pelo mero fato de vivermos da total ignorância de pensar que vale a pena sem ter vontade de questionar. Um brinde aos idiotas apaixonados.